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40 páginas | poesia 

Hecatombe, 2024


"Yasmin Bidim escreve esta plaquete não “para” seu filho, mas “por causa” dele. A diferença se faz notar em sua escrita. A chegada de um corpinho intruso faz brotar em si novas palavras, um novo contexto possibilitando a vida. O corpinho que nasce do corpo maior, renovando laços sanguíneos e poéticos, traça seu percurso ao desafiar o tempo: “talvez o novo humano/o pequeno feto/faça durar esse entre/esse ínterim”. O nascimento de um outro corpo traz a possibilidade de continuidade e reverberação de um simples instante: o próprio instante da poesia. Se evocarmos o poema “nascemorre” de Haroldo de Campos, expandimos a concepção de texto para a vida, para os ciclos que se estendem e se transfiguram. Depois do sexo, surge a intrusão de um corpinho que se esparrama, que nada em águas maternas, que ainda não se constitui como indivíduo, mas que “aguarda/a fala a palavra a risada”. Tudo isso, reservado ao seu futuro, se instaura num tempo pré-linguagem, em que o nada é tudo".

Texto da orelha por Raquel Campos.

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